Front de Madeirite
Facção Central
Presente no(s) disco(s) O Espetáculo do Circo dos Horrores (2006).
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Letra da música Front de Madeirite
[Verso 1: Eduardo]
A fome não só corrói a carne, corrói a Lei Áurea
Te faz derrubar de caminhão o portão da penitenciária
Ir na ponta do pé no cagueta dormindo
Pôr a Bic, dar um tapa, rasgar o ouvido
Antes servíamos o senhor feudal no engenho
Hoje na feira livre de droga servimos seu herdeiro
Pra curtição da puta do Gallery, de Porsche Cayenne
Carbonizo o adversário no pneu com querosene
Deixo a tia embaixo da mesa até a trégua dos tiros
Na Kombi da mudança em fuga com os filhos
Quem é livre na aula da professora sem magistério
Que te põe no estelionato com o RG do arquiteto?
Não acordo do coma induzido, só quero a gráfica
Falsificar nota de dez até com marca d’água
Se a DRACO colar, fui ver a Gaviões no Anhembi
Pra deletar o resto do Ceasa que eu digeri
Deletar a assistente social que minha mãe foi procurar
Sem comida pra me criar, mandou pro conselho tutelar
Aqui o caderno é só pra desenhar o mapa
Pra levar carro pro Paraguai evitando a polícia rodoviária
O mapa da pista que o bimotor traz o cartucho incendiário
Ou pra escrever o estatuto do crime organizado
Extinguiram a compaixão do meu Aurélio
No novo Coliseu, o escravo vai matar Nero
[Refrão: Eduardo]
Aqui o salto é 10 mil pés sem paraquedas
É andar na prancha com tubarão branco à sua espera
A .40 da polícia o futuro não sobrevive
Sangra, agoniza no Front de Madeirite
[Verso 2: Eduardo]
“Aí, tira o capacete, motoqueiro
Aqui a Beretta é o Código de Trânsito Brasileiro”
Carro só com luz interna acesa, farol baixo
Visita pro parente só com horário marcado
Executivo, legislativo, judiciário no morro
Não seguem a Constituição da Haddock Lobo
Cuzão critica: “Facção é pessimista”
Não sabe quanto custa seis anos de medicina
Que eu venda lixa na Sé, diplomado
Sem formatura em curso caro, diploma limpa rabo
Não sabe o que é sua mulher no cadeião de Pinheiros
Presa entrando com droga pra você fazer dinheiro
Pra arrumar um bom advogado tipo Maluf, Pitta
Pra uma brecha na lei pra liberdade assistida
Deixei a H. Stern sem produto na vitrine
Porque o metalúrgico, meu herói, me deu uma nota de 20
Atenção MST, uma dica:
No Brasil, o Congresso é a área mais improdutiva
Tronco, pau de arara, a gôndola do mercado
Em qual método mais nefasto o pobre é torturado?
No meu radar meteorológico tá previsto
Ciclone que vara porta de aço balístico
Na rua com pedra de brilhante que você mandou ladrilhar
Só deixando o notebook seu amor vai passar
[Refrão: Eduardo]
Aqui o salto é 10 mil pés sem paraquedas
É andar na prancha com tubarão branco à sua espera
A .40 da polícia o futuro não sobrevive
Sangra, agoniza no Front de Madeirite
[Verso 3: Eduardo]
Em vez de ser o desempregado atirando fogo no corpo
Prefiro ser o indiciado por homicídio doloso
Me espelho em Aleijadinho com a doença degenerativa
Que, mesmo sem os dedos, esculpia
Na primeira declaração dos direitos ‘tava escrito:
“Resistir à opressão” em letra legível
Queria resistir sem zelador no olho mágico
“Abriu, vai filho da puta, deitado, é assalto”
No Telecurso da vida o módulo tem só uma aula
Ensino fundamental é blitz falsa
É cagueta de capuz na diligência do Decap
Com a sua foto, endereço, número da identidade
É fechar com a puta, ficar atrás da cortina
Sonífero no drink e Euro do cu da Petroquímica
Qual é a diferença da Febem de Franco da Rocha
Pra escola que só por falta reprova?
Queria o Jô e o boy do blog rindo da pobreza
Velando 80% da mãe porque não achou a cabeça
Grampeou meu telefone, então põe no jornal
Pelo aroma chego no Instituto Médico Legal
Ritual de respeito aos mortos de antes da escrita
Aqui é corpo sem geladeira, jazigo da família
50 mil mortos por ano no paradisíaco Brasil
Versus 35 mil na Colômbia em guerra civil
[Refrão: Eduardo]
Aqui o salto é 10 mil pés sem paraquedas
É andar na prancha com tubarão branco à sua espera
A .40 da polícia o futuro não sobrevive
Sangra, agoniza no Front de Madeirite