Banco dos Réus
Eduardo
Presente no(s) disco(s) A Fantástica Fábrica de Cadáver (2014).
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Letra da música Banco dos Réus
[Verso 1]
Até que enfim boa notícia do advogado
Depois de 2 anos de CDP meu julgamento foi marcado
Pelo Conselho Nacional de Justiça
Tinha que ter tido uma audiência em 90 dias
Sem um Golf no nome pra fazer permuta
Fiquei refém da inoperância da Defensoria Pública
Os 1200 reais pelo meu caso
Não motivaram o porta de cadeia nomeado
Tô num 121 de um cagueta que perdeu os olhos
Sou inocente, mas uma denúncia me envolveu no óbito
Onde assinam 33 por dinheiro trocado
Favelado é culpado até provado o contrário
Chego no fórum da Barra Funda quase inconsciente
Pelas sessões de espancamento feita pelos agentes
Propositalmente tô de calça bege e algema
Pra gerar no júri influência, tendência à sentença
Sento num banco na arena com 2 PM do lado
Aqui sou material didático pra estagiário
Vejo nos sete jurados com ar finlandês
O ódio de classe pulsante do ideário burguês
Excluído não é ser humano num tribunal
É só a personificação de uma ficha criminal
Não existe deusa Justitia de olhos vendados
A minha chance é a de um Tutsi em Ruanda em 94
[Refrão]
Pobre no banco dos réus é ração pro Estado
Só um milagre evita meu nome no rol dos condenados
Pobre no banco dos réus é ração pro Estado
Só um milagre evita meu nome no rol dos condenados
Pobre no banco dos réus é ração pro Estado
Só um milagre evita meu nome no rol dos condenados
Pobre no banco dos réus é ração pro Estado
Só um milagre evita meu nome no rol dos condenados
[Verso 2]
Me sinto num ritual de evocação de espíritos
Vejo Ted Bundy, Charles Manson, Andrei Chikatilo
Zodíaco, Ed Gein, Vasili Komaroff
E organizando a festa Pedro Alonso López
A testemunha de acusação é forjada
O safado tá me entregando na delação premiada
Sou outro dos 50 mil acusados de assassinato
Que o MP ofereceu denúncia de sorriso estampado
A commodity do mercado sem nenhum valor
Que a partir de agora vai ser degolada pelo promotor
Duas horas de veneno da língua peçonhenta
E já quero enforcá-lo com a corda da sua vestimenta
Queria ver sua coragem e ar de superioridade
No alto do morro na conferência do debate
Sem nenhum conhecimento sobre direito
Cada jurado julga conforme seus preconceitos
Me condenam pela condição de favelado
Pelas passagens e feição comum do retrato falado
O princípio do contraditório e da ampla defesa
Não é direito dos que assombram a máfia burguesa
A meta das nova Corte de Pilatos
É sacrificar quem não pode comprar recurso milionário
A má vontade na hora do defensor me fez entender
Porque eles surgem enrolados em tapetes no Tietê
[Refrão]
Pobre no banco dos réus é ração pro Estado
Só um milagre evita meu nome no rol dos condenados
Pobre no banco dos réus é ração pro Estado
Só um milagre evita meu nome no rol dos condenados
Pobre no banco dos réus é ração pro Estado
Só um milagre evita meu nome no rol dos condenados
Pobre no banco dos réus é ração pro Estado
Só um milagre evita meu nome no rol dos condenados
[Verso 3]
O juiz que vê no Google Maps bolsão de miséria
Não tem moral pra condenar um da favela
Pelos 44% sem julgamento no sistema
Os magistrados mereciam Guantánamo como pena
O preso que esfaqueia o carcereiro na vesícula
É o que roubaram o direito da colônia agrícola
Transformar vítima em algoz é tática do Depen
Esse é um dado omitido pelo Infopen
Se por milagre no final for absolvido
Devia ficar com o nome limpo e ser ressarcido
Não podia passar batida a distância da família
Provocada pelos flagrantes forjados da polícia
Os jurados vão pra sala secreta e voltam com o veredicto
Sei que é decisão é unânime, “tô fodido”
Sem piedade, culpado, sádico dosa o castigo
Não se importa com a minha mulher na platéia assistindo
Seu sofrimento é alimento pro cuzão
Que sentencia 25 de condenação
Conseguiram mais uma senhora com droga moquiada
Pro marido preso fazer moeda pra cesta básica
Ampliaram a chance de C4 na Ataliba Leonel
Mandar funcionário do SAP em pedaços pro céu
O país que faz do judiciário instrumento de vingança
Merece lágrimas por trás das lentes Dolce Gabana