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Letra da música Encruzilhada

Acharam que nos derrotaram que tinham todos na mão
Pensaram que nos derrubaram que não ia ter reação
Mentiram dizendo que a gente não tinha história ou passado
Feriram nossa identidade falando que gente cultua o diabo
Serviram nossa auto-estima na bandeja aos porcos
E riram dizendo que nossos deuses estavam mortos
Cortaram nossa raiz desde cedo, arrancaram nosso cordão umbilical
Fizeram o povo todo ter medo, nos deram uma condição marginal
Mas chega! Ser oprimido não tem poesia como você pensa
Idéia neonazista que se alastra feito doença
Pensaram que a gente iria assistir calado na defensiva
Enquanto vocês transformam mães pretas em mortas-vivas
Sem vida, entregando o próprio destino na mão de estranhos
Que só se preocupam com o poder e o seu próprio ganho
Se lenharam! Nem todos se rendem a qualquer esperto
Pensaram que eu tava sozinho, mas não! Tou bem coberto

Eu prego a palavra dos puros, dos que estão em apuros
Minha rima o sangue estanca, roupa branca, corpo escuro
Sozinho cê toma susto, vendo vulto, tá de luto
A sua desonra sumiu na fumaça do charuto
Porque já tentou escravizar com ilusões
Mas na encruzilhada temos várias opções
“O caminho, a verdade e a vida” como é que fica?
Entre a terra e o céu, me diz quem é que comunica?
Tou bem coberto, eu te alerto, meu corpo não tá aberto
Lugar certo não tem teto, não mexe com quem tá quieto
Quem tem fé no axé não dá ré, segue adiante
Extrai o êxtase extremo, exuberante
Exu nasceu do Jitolu e não teme nada
Mora na comunidade, a encruzilhada é a sua morada
Aquele que comunica, frutifica e faz crescer
Não tenho nada a dizer, a não ser (laroiê)

Quero ouvir falar de mim sem sentir medo ou respeito
Hahá! Tá tudo preto pra você e seus preconceitos
Vejo Pânico estampado na cara de quem desacredita
Mas falsifica sim, tanto no descarrego quanto na missa
Tem gente que me canta, se encanta, a força é tanta
Tem gente que tenta lucrar com meu nome e não se manca
Distorce a nossa imagem, faz um monte de pilantragem
E esquece que esse mundo é ponte, aqui é só passagem
Quatro elementos pra mim ainda são poucos
Levo meu ideal a sério, mas com a corda no pescoço
Não sufoca, não amarra, não enforca, não cala
Sou um bom orador e a minha função é a palavra
Representei os quatros canto do mundo, fiz revolução
Com a tradição oral de que a África não abre mão
Recitados nos poemas periféricos com bastante sentimentos
Utilizo como tática: boas ações, bons argumentos

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