Bala Perdida
Facção Central
- Participação de Jota Ariais
Presente no(s) disco(s) O Espetáculo do Circo dos Horrores (2006).
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Letra da música Bala Perdida
[Verso 1: Eduardo]
Pow-pow abafa o samba de Bezerra da Silva
Dois moleques desarmados dão fuga da polícia
Vão sentido ao campo onde crianças pulam corda
Vizinhos gritam meu nome, esmurram a porta
Não é normal se abalarem com traçante em vez de estrela
Vivem com a grease gun do Águia mirando suas cabeças
O que será? Abri o trinco, caiu a ficha
Com um morador segurando minha filha desfalecida
Sangue pela boca, tecido de pele na blusa
Um grita “é bala perdida dos gambé filho da puta”
Maomé com 40 recebeu a visita de um anjo
Vem, Gabriel, enquanto tem pulso, tá respirando
Sem documento, descalço, fui atrás de socorro
Tem uma Variant onde vende sabão de coco
Lembrei do couro cabeludo no gelo pro implante
O tráfico escalpelou o nóia que depenou essa Variant
Aceno pra Sportage, pra Hilux na avenida
Mas ninguém para pra pretinha com parada cardíaca
Ligação direta no Golf estacionado
Essa é a minha unidade de suporte avançado
Hora crítica são 60 minutos após o trauma
Cada segundo perdido cai a porcentagem de ser salva
Pro repórter, o Rambo forja uma lurdinha
E dois corpos que, segundo ele, atiraram na minha filha
[Refrão: Eduardo, Jota Ariais]
No jardim dos morteiros
Das munições traçantes
Regam as rosas com sangue
No jardim dos morteiros
Das munições traçantes
Regam as rosas com sangue
No jardim dos morteiros
Das munições traçantes
Regam as rosas com sangue
No jardim dos morteiros
Das munições traçantes
Regam as rosas com sangue
[Verso 2: Eduardo]
Moradores pegam pedras, pneus pra queimar
As portas de aço do comércio começam a baixar
Via expressa interditada, nossa ONG vai protestar
Cinco Viação Bola Branca começam a queimar
Uma loja de eletrônicos não fechou, foi saqueada
Subiu webcam, handcam, Philips Plasma
Cherokee capotada com motorista no volante
O Choque solta rottweiler pra desfigurar manifestante
No jornal, o âncora dá exclusiva:
Moradores orquestrados pelo tráfico em confronto com a polícia
Chego na emergência, mó estúpida a balconista
—Preciso de uma maca
—Primeiro, faz a ficha
Cola o segurança com o cassetete, é o xerife
Tá no pano que desacatar funcionário é crime
Quero ver o 331 do Código Penal
Sozinho esperando o buzu pro hospital
26 bilhões pra saúde é o orçamento do Ministério
E no balcão da farmácia nem dipirona e analgésico
Tem 2 orifícios, entrada e saída
A bala entrou pelo pescoço e saiu na clavícula
Suspeita de lesão de medula, vão pro raio X
Penso no gambé jogando Winning Eleven com seu filho feliz
A chapa não foi esclarecedora, é preciso tomografia
Não tem tomógrafo vão transferir pro Hospital das Clínicas
[Refrão: Eduardo, Jota Ariais]
No jardim dos morteiros
Das munições traçantes
Regam as rosas com sangue
No jardim dos morteiros
Das munições traçantes
Regam as rosas com sangue
No jardim dos morteiros
Das munições traçantes
Regam as rosas com sangue
No jardim dos morteiros
Das munições traçantes
Regam as rosas com sangue
[Verso 3: Eduardo]
Tolerei enchente destruindo a geladeira, o sofá
Móveis no lixo e o carnê pra pagar
O gato em curto circuito incendiando o compensado
Balde d’água pro botijão não explodir meu barraco
Mas velar um caixão branco é além da compreensão
Senhor, vão injetar cianureto no meu coração
No morro, vou ser nitroglicerina, defendendo o Monte Olimpo
Amarrar gambé no engate e acelerar enquanto vivo
Só transferem quando chegar a ambulância nessa merda
A maioria tá parada por falta de peça
Se opera no centro cirúrgico, é infecção hospitalar
Corromperam a vigilância sanitária pra não interditar
As funerárias mantém informante no hospital
O parente morre e cola um como assistente social
Pegam na ficha o celular, oferecem caixão
Se pá o auxiliar de enfermagem que mata por comissão
Depois de sete horas a ambulância estaciona
Gases estancam o sangue, entrou em coma
No HC a tomografia deu fratura cervical
Da 4ª e 7ª vértebra, quase sem sinal vital
Entrou na sala de cirurgia, puta pesadelo
Rezo o terço de joelho, nem sei o que mais prometo
—Ô, pessoal, quem é o pai da baleada aí?
—Sou eu, pelo amor de Deus, o que aconteceu?
Como iceberg respondeu:
—Oh, sua filha não resistiu não viu. Morreu